sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Onda natalina seduz desde cantores pop a bandas alternativas

"Então é Natal, e o que você fez?/ O ano termina, e nasce outra vez/ Então é Natal, a festa cristã/ Do velho e do novo, do amor como um todo."
O cantor Michael Bublé <M> ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***</M> No Brasil não há neve, nem Papai Noel descendo pela chaminé, mas quem nunca se pegou cantarolando a música acima? Ou "Jingle Bells"? Ou "Noite Feliz"?
Gravada pela cantora baiana Simone, "Então É Natal" é o principal hit do disco "25 de Dezembro", lançado em 1995. Na época, vendeu mais de 1,5 milhão de cópias e, segundo a Universal Music, é campeão de vendas até hoje, embora a gravadora não possua dados atualizados. Mais importante: o álbum inaugurou um gênero até então inexistente no país.
"[No Natal], a gente não tem aquela coisa do frio, dos bonecos de neve, do Papai Noel todo encasacado, como nos Estados Unidos e na Europa. Aqui é verão, então não combina muito", diz Nando Machado, gerente de marketing internacional da gravadora EMI Music Brasil.
Neste ano, contudo, os discos natalinos internacionais estão com tudo no país. Em parte, por conta de dois CDs: "Under the Mistletoe", de Justin Bieber, e "Christmas", de Michael Bublé (ouça abaixo trechos de algumas faixas do disco).
Entre os cem álbuns mais vendidos na recém-inaugurada iTunes Store brasileira, ao menos seis deles são natalinos --além de Bublé e Bieber, há discos de Lady Gaga, Frank Sinatra, Ella Fitzgerald e Tony Bennett. Nos EUA, na lista dos mais vendidos, segundo a revista "Billboard", 25 álbuns são de Natal.
Mas não são só os discos natalinos que se dão bem nesta época. De acordo com as gravadoras brasileiras, as vendas de CDs no último trimestre, mesmo os que não têm nada a ver com Noel, representam até 30% do faturamento anual.

Divulgação
O cantor Michael Bublé, que lança o CD "Christmas"
De modo geral, os artistas que mais fazem sucesso com músicas de Natal ou são tenores italianos, como Andrea Bocelli, ou "crooners", como Frank Sinatra e Tony Bennett.
Mas, com o mercado fonográfico em crise e a queda na venda de discos, até músicos de fora do mainstream vêm apostando na época festiva.
Entre os nomes alternativos, a dupla fofa She & Him --que tem a atriz Zooey Deschanel ("500 Dias Com Ela") nos vocais- esgotou em menos de um mês, segundo o selo Lab 344, um primeiro lote de mil cópias de seu "A Very She & Him Christmas".
Outro é Scott Weiland, da banda grunge Stone Temple Pilots, que deixou para lá os anos vivendo à sombra de seus vícios e encarnou o bom moço sorridente na capa do disco "The Most Wonderful Time of the Year", no qual canta músicas de Natal.
Estranho? Que nada. O álbum virou notícia em todos os jornais e revistas internacionais, e a empreitada ainda rendeu uma turnê pelos Estados Unidos --com todos os shows esgotados, é claro.
Não é para menos. O mercado natalino norte-americano é gigantesco. Texto da revista "Hollywood Reporter" do começo deste mês registrava que a audiência das rádios dos EUA duplica nesta época graças às músicas natalinas --algumas estações repetem a mesma música até seis vezes em um dia.
Aqui é difícil ouvir essas canções nas rádios (a não ser nas dos shoppings). Mas os discos de Natal vendem bem.
Segundo Rodrigo Ratto, diretor de vendas da Universal Music no país, os CDs que mais vendem no período são os que têm músicas natalinas tradicionais, mas de artistas internacionais, já que o mercado nacional oferece poucos lançamentos nesta categoria.
"O mercado brasileiro não aposta tanto quanto deveria em títulos sazonais, especialmente natalinos, por serem produtos considerados 'perecíveis'", explica Ratto. Segundo ele, as gravadoras temem que haja sobras de estoque, passado o período de festas.

Folha de São Paulo