Quando surgiu no século 19, nos suntuosos salões de festas da França, a “quadrille”, iniciava um novo momento na dança de salão que logo chegaria a outras partes do mundo. Chegando ao Brasil, foi aos poucos perdendo suas características originais e se tornando uma dança onde muito mais gente participava, fato que levou a quadrille a sair dos salões, perder sua nobreza e tornar-se a dança do povo caipira, ou, do pessoal da roça, imediatamente incorporada aos festejos juninos. O padre, a noiva e o noivo ainda são resquícios da sua origem, o “alavantu” (avant) e o “anarriê” (arrière), que nos faz lembrar imediatamente de uma quadrilha junina tambem já não existem mais. Caipira ou quadrilha matuta o certo é que nos dias atuais as chamadas quadrilhas show, tornaram-se nem sei o quê!? Pois nem é show, nem caipira e nem matuta, o marcador alucinado comanda um bando de casais que parecem estar fora de si, ou fugindo de um incêndio. O ritmo que embala essa gente maluca nem é marcha, nem frevo, nem maracatu e alguém precisa classificá-lo ou denominá-lo. A quadrilha junina virou um espetáculo feio ao som de uma musica irritante, que embala um grupo de gente que não sabe se dança ou se pula, se é folclore ou modismo isto nem eles mesmos sabem, assim como não sabem onde vão parar ou no que estão transformando a quadrilha, quem sabe durante este século seja transformada em “galopilha” ou “trotilha”. Voltando ao começo desse blá, blá, blá, é bem provável que logo se criem associações e federações de quadrilhas juninas tradicionais, no intuito de se preservarem o que pouco resta de belo nas quadrilhas, e se instalem fóruns para discussão daquilo que muitos irão chamar de “Quadrilha de Plástico”.
Nilson Sótero
Nilson Sótero
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