A Rádio Comunitária Araçá, de Mari, Paraíba, está respondendo ao 48º 
processo na Justiça, desde sua fundação há quinze anos. Desta vez, o 
reclamante é Walter Nazareno de Andrade, conhecido como Cabo, que 
protocolou ação na Comarca de Mari acusando o diretor da rádio, Severino
 Ramo, de o ter chamado de “cachaceiro”. "Fui atingido em minha moral e 
quero que a justiça seja feita. Acredito e confio na justiça por isso 
ingressei com essa ação judicial contra Ramo e a emissora Araçá FM", 
disse Cabo.
A rádio Araçá é a emissora que mais responde a processos por calúnia e 
difamação na Paraíba, e talvez no Brasil. “Somos perseguidos por um 
grupo político que quer calar a rádio, fechando suas portas, e por isso 
as ações seguidas na Justiça pedindo indenização por supostos danos 
morais”, disse João Antonio, um dos diretores da emissora comunitária.
Recentemente, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mari, dirigido 
pelo vereador José Martins, pai do atual prefeito Marcos Martins, entrou
 com ação na Justiça pedindo R$ 40 mil reais de indenização. Motivo: a 
rádio retirou o programa do Sindicato Rural do ar, alegando utilização 
política do mesmo.
A iniciativa de seguidores partidários do grupo político do atual 
prefeito de moverem ações judiciais contra a Rádio Comunitária Araçá faz
 parte de antigo plano dessa facção política para dominar a rádio e a 
colocar a serviço dos interesses políticos desse grupo, segundo entende o
 presidente da emissora, Severino Ramo. “Como não conseguem ocupar a 
rádio pelas vias normais, procuram sufocar judicialmente a instituição”,
 acredita ele.
As decisões da Justiça têm sido sempre a favor da Rádio Comunitária 
Araçá, que sobrevive no meio de impactos políticos locais. Um dos 
fundadores da rádio lembra que, no início dos trabalhos da emissora, um 
vereador local apresentou projeto de lei proibindo a rádio de receber 
colaboração financeira de qualquer espécie, numa tentativa de sufocar 
economicamente a entidade. “O projeto foi derrotado por ser absurdo, mas
 foi o começo dessa guerra entre o poder popular da comunicação contra 
as elites políticas de Mari”, afirmou.
Por Fábio Mozart