O
musical 'Gonzagão, a Lenda', de João Falcão, estreia em Campina Grande
no dia 4 de maio com apresentação gratuita no Parque do Povo, às 19h. O
espetáculo já está em cartaz há dois anos. “É a história de Luiz
Gonzaga, mas não é Wikipédia”, diz Falcão, que evitou qualquer didatismo
na construção do texto, embora tenha lido vários livros sobre um dos
artistas mais importantes da música brasileira, morto em 2 de agosto de
1989, cujo centenário de nascimento foi comemorado em dezembro de 2012.
Oito atores e uma atriz se revezam no palco em uma viagem musical pela
trajetória do Rei do Baião. Como em qualquer história de homem que vira
mito, a vida de Luiz Gonzaga tem passagens em que as versões de seus
biógrafos não convergem, em que realidade e fantasia se confundem, e o
autor e diretor João Falcão se sentiu livre para tratar mais do mito do
que do homem.
A opção por uma abordagem teatral, não enciclopédica, fica explícita
logo no início da peça, quando uma trupe se apresenta para contar a
“lenda do Rei Luiz”. Os atores desta trupe anunciam que encenarão uma
história iniciada “no sertão do Araripe lá pelos idos do século XX”.
Na história do rei do baião, João Falcão se permitiu rebatizar duas
mulheres importantes da vida do músico, Nazarena (o primeiro grande
amor) e Odaléa (a mãe de Gonzaguinha) como Rosinha e Morena,
respectivamente, nomes que aparecem em músicas do compositor.
Ele ainda se permitiu criar um encontro que nunca aconteceu: Luiz
Gonzaga e Lampião, dois mitos nordestinos. Também há espaço para se
falar da originalidade de Gonzaga, um artista que, a partir dos
ensinamentos de seu pai, Januário, criou em sua sanfona um gênero, o
baião, e o transformou em sucesso e patrimônio nacionais.
Dentre as cerca de 40 canções que estão no espetáculo há sucessos como
“Cintura fina”, “O xote das meninas”, “Qui nem jiló”, “Baião”,
“Pau-de-arara” e sua mais célebre criação, “Asa branca”. De acordo com a
linha não dogmática de todo o espetáculo, o grupo não ficou preso à
estrutura básica do forró, que é sanfona-triângulo-zabumba. No conjunto
dos quatro instrumentistas virtuoses que atuam no palco, há, além do
sanfoneiro (Rafael Meninão) e do percussionista (Rick De La Torre), um
violoncelista (Daniel Silva) e um rabequeiro e violeiro (Beto Lemos).
Os arranjos de todas as músicas foram elaborados pelos quatro músicos,
que por conta da longa temporada estão em grande sintonia e presenteiam a
plateia com improvisos em todas as apresentações.